sexta-feira, 2 de julho de 2010

Independência sonora

Cenário da música independente cresce e faz barulho em Beagá. 

Por Vítor Cruz

Capital de todos os mineiros, Belo Horizonte pode se orgulhar de mais um título. E esse é, no mínimo, barulhento.  A cidade, que é famosa pelo grande número de bares espalhados pelas ruas, tem uma concentração de bandas independentes que enche os olhos, ou melhor, os ouvidos.

Basta dar uma caminhada pela cidade em uma noite de sexta-feira para ter noção de como o número de artistas que desistiram da chance de conseguir espaço em grandes gravadoras cresceu. Os Inferninhos estão lotados e, no palco principal 
uma banda formada por garotos que tentam ganhar a vida como a nova sensação do rock dá as caras.

Um exemplo é a banda de death metal Angerise, (foto) que acabou de fechar contrato com uma gravadora norte americana e vai lançar, em breve, o primeiro álbum profissional, batizado de Belligerancy. Os integrantes, que estão há seis anos no mercado musical se mostram animados com esse novo passo. Mas, o caminho do sucesso é complicado e para se dar bem no cenário fonográfico, é preciso perseverar. A Angerise já tem quatro álbuns demos lançados, e depois de muita ralação, conseguiu abocanhar uma fatia no universo musical. “Nós já tocamos em casa de shows profissionais e underground. Geralmente tocamos mais no underground, mas nesses anos de banda já ganhamos algum conhecimento e tocamos com diversas bandas famosas, nacionais e internacionais. Aos poucos a gente vai divulgando nosso trabalho e ganhando mais espaço”, afirma Pedro Jaued, baixista da Angerise.






Confira no vídeo uma apresentação da Angerise em São Paulo.


Uma mão na roda, ou melhor, na guitarra.

O número de bandas como a Angerise não para de crescer. Segundo as sociedades de arrecadação autoral, o mercado fonográfico mineiro é composto em 99,9% de artistas independentes. Imagine, então, como é difícil conseguir espaço para tocar em grandes rádios, aparecer em programas de televisão e dar aquela alavancada na carreira. É verdade que produzir um álbum, hoje, ficou muito mais fácil do que há dez anos. Com as novas tecnologias, qualquer pessoa que entenda de música e um bom software que faça gravação edição de áudio pode se aventura no cenário independente. Mas para o baixista da Angerise, é preciso ter uma boa grana no bolso para começar a produção do disco. “Atualmente é mais facil produzir um disco, porém é muito caro. Todo o processo desde a gravação, masterização, mixação e distribuição do cd demanda muito dinheiro”, comenta Pedro Jaued.

Uma das fases mais complicadas para a banda é a divulgação do trabalho. Qual a melhor casa de show para começar a tocar? Qual a casa mais barata? Qual o público mais receptivo? Muitas dúvidas e poucas respostas, mas eis que nasce um festival que privilegia os artistas independentes de todo o país: o BH Indie MusicIdealizado por Malu Aires, vocalista da banda JunkBox, o festival surgiu a partir de uma necessidade apontada pela própria Malu para que as bandas independentes saíssem da clandestinidade e tivessem a oportunidade de mostrar o trabalho de uma forma mais justa e competitiva. “A cena (independente), cansada de ser confundida com amadorismo de músicos ocasionais, mostra a cara e o profissionalismo com que lida com o palco e o público num aprendizado curtido em anos da estrada underground”, afirma Malu.

O BH Indie Music conta com o Projeto Matrix, uma espécie de seletiva para bandas e artistas autorais, apresentando seus trabalhos, ao vivo, na casa de shows Matriz, no terminal turístico JK, em Belo Horizonte. Dezenas de bandas já passaram por lá, e o público que gosta do estilo tem aprovado a iniciativa. 

Confira abaixo algumas imagens das últimas apresentações do projeto.










Bom gosto para todos os gostos








Se a banda The Lost Dogs quisesse participar de alguma seletiva do BH Indie, ela seria vetada na hora, por tocar apenas covers do grupo norte americano Pearl Jam. O festival abre as portas somente para artistas autorais, ou seja, que compõem as próprias músicas. Mas, para os integrantes, juntos há mais de quatro anos, o fato de não escreverem as próprias músicas não diminui a importância da “Dogs”.,O vocalista Andherson Silva acredita que esse é o diferencial da banda. “Tocar covers foi uma maneira de dar o ponta pé inicial e testar a banda no palco, a maior prova de fogo de todas. .Depois as coisas tomaram proporções que fogem de nossas mãos.Os donos de casas noturnas começaram a pedir que continuássemos com o som, porque boa parte do público estava curtindo muito.”

Quer conferir o trabalho da The Dogs? Então escute um trecho do cover que eles fizeram para Roadhouse Blues.

The Lost Dogs - Roadhouse Blues  


E Andherson ainda afirma que fazer covers facilita na hora da divulgação. “Se inserir num meio onde as pessoas tem aceitação para cover ajuda a banda a ficar mais conhecida.” Para o vocalista, começar com o cover agora, e lançar um disco de autoria própria mais tarde é a melhor receita para que os músicos ganhem confiança do grande público.

A The Dogs Ainda não tem pretensões de lançar um álbum com canções inéditas, mas pelo sucesso de suas apresentações, nota-se, claramente, que o público já reconheceu a qualidade musical da banda.

Confira o cover que a banda fez da música "Alive", do Pearl Jam:

 







Música na ponta do lápis

Criar uma banda não é tarefa das mais fáceis. Quando é preciso dividir o desejo pela música com outras atividades, a vida complica e muito. Mas a paixão por transformar versos em melodia fala mais alto e, no melhor estilo do jeitinho brasileiro, as bandas conseguem arrumar tempo para tudo.

Estudar e ter uma banda, uma realidade de boa parte dos músicos independentes. A Outsides (foto) não fica fora dos padrões e entre shows e provas, sobe ao palco e mostrando toda sua diversidade. Sua formação conta com três estudantes do ensino médio, um graduando em Publicidade e Propaganda, e um farmacêutico. Foi a paixão pela música que uniu tantas pessoas diferentes há cerca de quatro anos. E essa toda essa diferença se reflete nas músicas do grupo que tem apostado em um estilo que mescla a sonoridade do antigo hardcore com a leveza do reggae. 
Em matéria de música, eles já estão bem adiantados com o conteúdo. A Outsides está em estúdio preparando o lançamento do primeiro disco. Enquanto o trabalho não chega, confira um pouco mais do barulho que esses meninos têm feito nos palcos de Belo Horizonte.

Outsides - Anna (versão acústica)


Outsides - Bem Como eu Sou (versão acústica)




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